Leila Cunha
A Revolução Industrial foi um intenso processo de mudança social, cultural e política, com o surgimento, previamente anunciado, de uma nova era. Formas de pensamento, conhecimento, crenças, valores, costumes, práticas sociais, ideologias, visões de mundo, modos de vida, políticas e principalmente o consumo; tudo mudou, desvalorizando o produto artesanal e fortalecendo a mecanização.
As mãos deixaram de ter a habilidade de transformar e criar a partir do fazer, e passaram a reproduzir para atender a uma população do consumo fragmentando cada vez mais o trabalho e, consequentemente, o indivíduo. Ao se perceber a hegemonia de um modelo cultural altamente padronizado, surgiu então, com o pensamento pós-moderno, a necessidade de se enxergar a complexidade do indivíduo e compreender suas tentativas de fuga, uma forma de se libertar dessa padronização em todos os aspectos da vida.
Ao participar do projeto, pesquisando os grupos Mulheres Amigas e Arte faz União, me deparei com mulheres que por meio do artesanato encontraram artifícios para burlar os sentimentos típicos de uma geração inserta em uma sociedade que exclui seus idosos e os fazem se sentir inúteis, isolados e incapazes.
Para fugir dessa sensação que as oprime, essas mulheres criaram para si um espaço/possibilidade do encontro, a fim de amenizar as dores de suas perdas, um lugar de reflexão, recordação, diversão e, por que não, um espaço para compartilhar a vida, completamente avesso ao tédio e à tristeza. Um universo só delas, cheio de linhas, cores, pincéis, tintas, tecidos, receitas e muitas histórias de superação.